Filho de João Carrara e Angelina Miranda Carrara, recebeu de seus pais uma educação espírita. Era alfaiate, músico e autodidata em várias áreas.
Em 1950, dia 21 de Outubro, casou com Lourdes Costa Cruz Carrara, somente no civil. Deste casal três filhos: João Gerson, Jamir e Ângela Margarete. Nenhum batizado, crismado ou coisa semelhante. A família é espírita.
Filho de pai espírita, sendo que avós maternos e paternos, tios e todos os demais parentes, inclusive a mãe eram católicos.
Desde pequenino soube discernir as coisas, pois apesar de da maioria dos seus entes queridos o quererem como católico, seu pai sem muito esforço, graças à grandiosidade da Doutrina Espírita, conseguiu sua firme frequência no Centro Espírita em que freqüentava
Pedro Carrara começou com 7 anos de idade a freqüentar o Centro Espírita Francisco Xavier dos Santos, sito à rua Municipal número. 5 em Mineiros do Tietê (em 1934).
Em 1937 entrou na Escola de Espiritismo às Crianças deste mesmo Centro, tendo como professora a Sra. Terezinha Montini.
Em 1937 entrou na Escola de Espiritismo às Crianças deste mesmo Centro, tendo como professora a Sra. Terezinha Montini.
Nesta época era Presidente do Centro o Sr. Marcelino Martinez, fundador do Centro, cujo funcionamento era num prédio muito velho e a freqüência muito pequena. Mas o menino Pedro Carrara não faltava em nenhuma sessão, ao ponto de ter permissão até de participar das sessões mediúnicas que só era permitida a maiores e não sendo públicas.
Em 1940, dia 10 de janeiro, desencarna o Sr. Marcelino Martinez e neste mesmo ano construiu-se um novo prédio para o Centro, anexando seu departamento Lar Espírita José Gonçalves e Pedro Carrara com 14 anos é nomeado cobrador das mensalidades dos sócios do Centro e dos contribuintes do Lar.
Em 1941, com a mudança da Prof. Terezinha Montini, Pedro Carrara juntamente com Rachel Martins começa a dar aulas para as crianças matriculadas na Escola da Espiritismo.
Em 1945, no mês de março Pedro Carrara muda-se para São Paulo e quando foi entregar os documentos das cobranças para o presidente do Centro, na ocasião o Sr. Fernando Martinez, este lhe disse:
"Pedrinho, você vai para São Paulo, mas pode estar certo, você voltará porque terá que cumprir uma missão aqui".
Em fevereiro ou março de 1946, de volta a Mineiros, o jovem Pedro Carrara, torna sua freqüência firme no Centro, de novo.
Neste mesmo ano (1946), muda-se de Mineiros do Tietê o Sr. Fernando, presidente do Centro, ficando em seu lugar a vice presidente, Sra. Stela Cocito Rocco.
Também neste mesmo ano (1946), Pedro Carrara esteve em Piratininga e participou com um grupo de jovens espíritas dirigido pelo Sr. José Comine.
Isto serviu de entusiasmo a Pedro que reuniu os moços espíritas de Mineiros e em 15/06/1946 fundou a Juventude Espírita Mineiros do Tietê, sendo seu 1º Presidente.
D. Stela adoece. Muito intima na parte doutrinária de Pedro, lhe faz um pedido:
D. Stela adoece. Muito intima na parte doutrinária de Pedro, lhe faz um pedido:
"Não posso ir mais no Centro, estou doente, vou para Campos do Jordão (tuberculose). Vá me substituir no Centro”.
Pedro estava ainda com 19 anos e percebeu a grande responsabilidade, mas não teve coragem de negar. Poucos dias passaram. Houve assembléia geral com eleição e Pedro foi eleito Presidente do Centro Espírita Francisco Xavier dos Santos.
A partir dai ele começou a devorar os livros, revistas e jornais espíritas, começando pelas básicas de Kardec. Sua direção doutrinária é rigorosíssima, procurando sempre preservar a pureza da Doutrina Espírita.
Sua gestão foi de inovações e atualizações na entidade, tanto no setor jurídico, assistencial e principalmente doutrinário.
Algumas Realizações:
Em 1968, provocou junto a Câmara de Vereadores, um projeto de lei e em 31/03/69, inaugura nesta cidade a rua Allan Kardec.
Em agosto de 1952, é criada a União Municipal Espírita Dois Córregos-Mineiros do Tiete. Pedro Carrara é eleito secretário, cargo que exerceu até 1976 ( 24 anos).
Deixou a presidência do Centro em 1971 e no inicio de 1972, mudou-se para Barra Bonita e passou a freqüentar o Centro Espírita Cristão, onde fundou a Escola de Espiritismo às Crianças , provocou a fundação da Mocidade Espírita de Barra Bonita, provocou o curso de passes e Escola de Médiuns e foi 1o. Secretário por 2 anos daquela entidade.
Deixou a presidência do Centro em 1971 e no inicio de 1972, mudou-se para Barra Bonita e passou a freqüentar o Centro Espírita Cristão, onde fundou a Escola de Espiritismo às Crianças , provocou a fundação da Mocidade Espírita de Barra Bonita, provocou o curso de passes e Escola de Médiuns e foi 1o. Secretário por 2 anos daquela entidade.
Foi durante 10 anos representante do 22.CRE junto à USE. Foi diretor da Escola de Educação Mediúnica de Barra Bonita (1976).
É de notar que a maioria dos trabalhadores na Doutrina Espírita outrora começavam com idade avançada. Com Pedro foi o contrário: começou desde criança.
Estas são as principais atividades de Pedro Carrara, que não ficaram só no papel, nas atas, mas que foram praticadas e vividas com amor, sacrificando materialmente apenas, sua esposa, filhos e ele próprio para a Doutrina.
Pedro Carrara foi o maior nome do movimento espírita de Mineiros do Tietê e região, que influenciou de muitas formas a favor da Doutrina. Sua atuação e condução do Centro que presidiu durante 24 anos marcou profundamente a vida da instituição.
Na cidade, era também muito conhecido e querido: Fundou a Bandinha Musical com crianças da Casa da Criança que se apresentava na cidade e região e tinha excelente relacionamento com toda a cidade, sendo muito conhecido também pelos esforços em favor do Lar Espírita José Gonçalves (internato de idosos). Até hoje o Lar recebe doações em memória de seu nome.
Vinte anos !
Orson Peter Carrara
A data é 21 de janeiro de 1982. Vinte anos tem algum significado, pois são duas décadas completas. Quanta coisa mudou... Foram cinco copas do mundo de futebol, sendo uma conquistada pelo Brasil.
Nem me arrisco a contar quantos Presidentes e Prefeitos tivemos, ou planos econômicos que abalaram o Brasil, dando experiência e maturidade ao povo.
O que dizer, então, das conquistas tecnológicas, especialmente da informática e para a medicina? Ídolos passaram, pessoas queridas se foram, outras chegaram... Isto no Brasil ou na realidade pessoal. Que dizer das transformações no planeta, especialmente na última década, inclusive com as últimas tragédias?
Em nossa realidade local, tivemos até cassação política. Naquele ano, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal instalavam suas agências em Dois Córregos. Hoje apenas o primeiro está na cidade.
Particularmente, na vida familiar, veio o casamento, vieram os filhos, alterou-se a vida profissional e naturalmente que na vida dos leitores muita coisa alterou-se. Sem dúvida! Tudo muda a cada instante. É impossível deter a marcha do tempo.
Mas antes daquela data, há vinte anos, uma notável personalidade - que esteve conosco durante 55 anos - marcou a vida de Mineiros do Tietê, em particular, mas com reflexos na região.
Conhecido, dedicado a nobre causa, amante da música, querido de muitos e tendo influenciado a vida de adultos e crianças, pelo bem que caracterizou sua vida pessoal.
Talvez os leitores se perguntem onde estou querendo chegar. É que sou suspeito para falar. Trata-se de um familiar. Mas, não posso omitir-me. Além de ter exercido enorme influência em minha vida pessoal, desde tenra infância, suas palavras e exemplos ecoam ainda, de maneira muito expressiva, dentro de mim mesmo.
É comum encontrar pessoas, nos mais diversos lugares, afirmando tê-lo conhecido pessoalmente, privado de sua convivência, e manifestando gratidão pelos benefícios dele recebido diretamente.
E, embora passados vinte anos, também é comum que o Lar Espírita José Gonçalves (internato para idosos em Mineiros do Tietê) receba alimentos e doações diversas, em nome da gratidão em que muitos honram benefícios recebidos no passado, pela atenção e carinho com que foram atendidos...
É inesquecível, pelo menos para mim, e creio que na memória de muitos cidadãos, a lembrança da "bandinha da Casa da Criança", tanto em Dois Córregos como em Mineiros do Tietê.
Também foi decisiva na história da instituição a que minha família encontra-se vinculada desde sua fundação, a ação do ilustre cidadão.
A ela dedicou sua vida, defendendo-a a qualquer custo e lutando por conquistas sociais que a firmassem no auxílio ao próximo necessitado e na divulgação da Doutrina Espírita, que adotou como filosofia de vida, ampliando ainda sua firme atuação para várias cidades da região.
E por falar em auxílio ao próximo, ainda reside no Lar Espírita José Gonçalves a interna Joana Peres, acolhida em 1973 por decisão dele próprio em ampará-la, quando recebeu alta do Hospital Thereza Perlatti e em situação de abandono pela família e sem ter para onde ir, entre outros casos semelhantes.
Trata-se do inesquecível e sempre presente Pedro Carrara, meu velho e querido tio. O acidente automobilístico que o vitimou fatalmente, ao lado do filho Gerson, ocorreu na data que usei para iniciar o artigo.
São vinte anos de presença, ouso dizer, pois seus exemplos permanecem e a bondade que soube semear em muita gente brotam espontâneas da gratidão e do carinho de muitos amigos que soube conquistar em toda parte.
O tema que trago nesta semana, longe de exaltar figura familiar, visa homenagear um autêntico amigo de todos, seja quem fosse. Quem o conheceu sabe do que digo e guardo convicção que estas caras lembranças trarão alívio e suavidade nestes tempos difíceis da atualidade.
Não poderia omitir-me, em nome de seus inúmeros amigos e admiradores. Permiti-me ser porta voz de cada um deles...
Pedro nasceu em Mineiros do Tietê aos 24 de agosto de 1926. Foi músico, autodidata em várias áreas e autêntico homem de bem. Embora com muitas dificuldades pessoais lutou com extrema dedicação pela educação das crianças, pela valorização e bem do ser humano.
Artigo publicado originariamente no Jornal Independente, de Dois Córregos, em 21 de janeiro de 2002.
